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Crise portuguesa: Que crise?

Crise? Que crise?

Um assunto recorrente aqui no Conexão Portugal é a crise econômica que vem assolando Portugal. Para entender o que aconteceu com Portugal até hoje, é necessário contextualizar a situação que Portugal se encontrava e que se encontra hoje.

Resolvi escrever este post em duas partes, pois ficaria muito grande se fosse escrito de uma vez só. Na primeira parte irei explicar como estava Portugal e o que aconteceu para hoje o país estar pedindo empréstimo ao mundo. Na segunda parte falarei sobre o que se espera da recuperação e como isso está afetando ao portugueses a aos imigrantes em Portugal.

Estamos mesmo no fundo do poço?

Deixo claro a todos que não sou economista, muito menos visionário ou especulador. O que eu tento colocar nestes posts é o meu entendimento sobre o assunto, captado através daquilo que acompanhei, que li, que interpretei das estatísticas e previsões do mercado. Por isso, o texto pode ter falhas de entendimento da minha parte, mas me esforcei ao máximo para trazer a informação da maneira mais clara e objetiva possível.

A década perdida

Portugal já estava doente, morrendo aos poucos. Acho que essa frase descreveria bem a situação anterior a 2008. Antes da crise de 2008 ter seu ápice, Portugal já passava por dificuldades. O país já vinha perdendo competitividade com outros mercados da Europa e da Ásia. Aliado a perda de mercado, a valorização da mão de obra local e os valores de tarifa de importação fizeram com que Portugal consumisse mais do que produzia.



Os números que demonstram o PIB de Portugal no período de 2003 a 2010 mostram que a média o crescimento do PIB português foi de apenas 0,53%, contra os 1,09% da zona do euro e os 3,89% mundial.
Isso se deve em boa parte ao enfraquecimento da agricultura, da pesca e da fraca industrialização do país.

Com um déficit na balança comercial, e apresentando um grande desequilíbrio nas contas do governo, que para atingir metas própria e da UE, elevou muito seus gastos principalmente em infra-estrutura e transportes, o que refletiu no crescimento da dívida pública.

Exportações acontecem, só que importações acontecem muito mais

A população por sua vez também apresentava uma alta taxa de endividamento, comprometendo sua renda por longos anos e sem gerar poupança ou investimentos produtivos de grande volume para sustentar a movimentação da economia para a sociedade. Sem dinheiro no país, Portugal passou a captar dinheiro no exterior para financiar o crescimento interno a juros altos, pois não tinha como bancar o crescimento com dinheiro próprio.

Como pagar se não há dinheiro em caixa?

A crise de 2008

Quando a crise americana de 2008 teve seu ápice, atingiu em cheio a economia fragilizada de Portugal. Não houve nenhuma bolha na economia, houve sim gastos exacerbados em itens de pouco ou nenhum retorno para a economia. Em vez de realizar obras que gerassem empregos em longo prazo, o dinheiro acabou sendo gasto em coisas como a compra de submarinos pela marinha portuguesa. Gastos com infra-estrutura para aumento de competitividade e melhora da qualidade de vida são necessários, mas devem ser medidos para não extrapolar o aceitável. E nesse ponto os governantes deixaram a desejar.

A crise acertou em cheio os países mais fragilizados

Com o descontrole da economia, a dívida pública, que é o dinheiro que o governo precisa pegar emprestado para conseguir pagar suas contas, chegou a 93% de tudo que o país produz. Portugal entrou em uma crise profunda e em recessão.

No último ano e no atual

Para tentar mostrar que Portugal teria condições de pagar suas dívidas aos mercados, o Primeiro Ministro José Sócrates tentou adotar medidas de austeridade para reduzir os gastos do governo. O problema é que essas medidas atingiriam também a população, que teria salários reduzidos, aumento de tarifas públicas, impostos e cortes na aposentadoria (reforma).

José Sócrates deixando o governo

Com a oposição ao governo afirmando que as medidas eram severas demais para a população, o Primeiro Ministro acabou por renunciar, alegando não ter mais condições de governar. Essa atitude fez o mercado aumentar ainda mais o risco de calote português, o que culminou com Portugal não obtendo mais empréstimos no mercado em função dos altos juros que estavam assim pelo medo de um calote econômico português.

Protestos se espalharam por todo o país

Daí para frente o que se viu foram pedidos de ajuda, reclamações internacionais e até um possível veto a um empréstimo internacional bilionário que viria a salvar a economia portuguesa. Mas esse é um assunto para o próximo post.

Fiquem ligados e acompanhem o Conexão Portugal para saber as novidades de Portugal e o que esperar daqui pra frente.

Um abraço e até o próximo post!

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